
Os principais volumes afetados incluem 36,8 mil toneladas de manga - 20/07/2025
Tarifa de Trump ameaça 77 mil toneladas de frutas brasileiras e paralisa exportações
Tarifa de Trump ameaça 77 mil toneladas de frutas brasileiras e paralisa exportações - Foto: José Aldenir/Agora RN
A tarifa de 50% imposta pelo presidente norte-americano, Donald Trump, sobre produtos brasileiros, incluindo frutas, pescados, grãos e carnes, entra em vigor em 1º de agosto e já provoca suspensão de embarques ao mercado dos Estados Unidos. A medida coloca em risco imediato cerca de 77 mil toneladas de frutas brasileiras, que podem estragar ou ser vendidas com prejuízo abaixo do valor de mercado.
Segundo levantamento da GloboNews, os principais volumes afetados incluem 36,8 mil toneladas de manga, 18,8 mil toneladas de frutas processadas — com destaque para o açaí —, 13,8 mil toneladas de uva e 7,6 mil toneladas de outras frutas. A carga, segundo a Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), já está pronta: são cerca de 2,5 mil contêineres preparados para exportação, aguardando uma solução diplomática. O volume seria suficiente para abastecer por um ano capitais como Salvador (BA), Manaus (AM) e Recife (PE).
O setor de frutas é diretamente afetado pela medida, especialmente os produtores do Vale do São Francisco, responsável pela maior parte da fruticultura voltada à exportação no país. Se o impasse persistir, as consequências devem atingir também as próximas safras, com risco de queda nos investimentos, demissões e prejuízos à cadeia logística da fruticultura.
A manga é o principal produto in natura exportado pelo Brasil para os EUA e está no centro da crise. A janela de embarques ocorre entre agosto e outubro — exatamente no início da aplicação da nova tarifa.
“Não podemos colocar essa manga no Brasil, porque vai colapsar o mercado. Então, urge uma definição, urge o bom senso, urge a flexibilidade, urge um pensamento global, um pensamento geral, para que não tenhamos que deixar manga no pé, com desemprego em massa”, diz Guilherme Coelho, presidente da Abrafrutas.
“Agora nós estamos bastante inseguros. Porque, infelizmente, a essa altura não podemos pegar essa manga e jogar na Europa. O preço vai desabar, não há logística para isso”, completa Coelho.
A Abrafrutas alerta ainda que o segundo semestre, período historicamente responsável pelo maior volume de receitas da fruticultura, corre risco de se transformar em um período de colapso financeiro para os exportadores.
O impacto da nova tarifa atinge também a indústria de suco de laranja. Dados da CitrusBR (Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos) indicam que, na safra 2024/2025, o Brasil exportou 305 mil toneladas de suco de laranja para os EUA, gerando mais de US$ 1,3 bilhão em receitas. Com o aumento de 533% na taxação, a continuidade das vendas ao segundo maior mercado comprador se torna inviável. A cadeia produtiva é especialmente afetada agora, no início da nova safra.
Diante do cenário, o governo brasileiro orientou empresas a mobilizarem seus compradores nos EUA e busca negociar com a administração de Donald Trump o adiamento da tarifa por pelo menos 90 dias.
Tarifa de Trump preocupa setor frutícola do RN, mas não deve afetar safra 2025-2026
O presidente do Comitê Executivo de Fruticultura do Rio Grande do Norte (Coex-RN), Fábio Queiroga, afirmou que a tarifa de 50% anunciada por Trump, preocupa o setor frutícola brasileiro, mas não deve afetar a safra 2025-2026 do Estado.
“Já temos dificuldades de exportar para os Estados Unidos por conta de tarifas altas. Só conseguimos uma redução a partir de novembro, que já é a segunda metade da safra”, explicou Queiroga, ressaltando que a medida pode ter mais impacto político do que comercial.
Segundo o dirigente, menos de 5% da produção de frutas do RN — principalmente melão e melancia — é destinada ao mercado norte-americano. O principal destino das exportações potiguares segue sendo a Europa, além de mercados como Rússia, Oriente Médio e Canadá.
Apesar do impacto limitado, Queiroga defende a retomada do diálogo com os EUA. “Temos décadas de boas relações comerciais com os Estados Unidos. A expectativa é de que seja apenas uma tentativa de pressão política e que retomemos nossas negociações”, concluiu.
Faça Seu Comentário:
Comentários
disse:
em 01/01/1970 - 12:01
